Não existe espiritualidade neutra
Quando era pequena, adorava filmes de princesas. Desculpem lá, rapazes, mas não se preocupem, não vou alongar-me muito neste tema.
O que queria mesmo era levar-vos comigo àqueles momentos particulares dos filmes em que me escondia atrás das cortinas ou semicerrava os olhos e tapava os ouvidos com as duas mãos, pois vinha lá a bruxa má. Quem nunca? Pois, eu também. Apesar da bruxa má trazer um certo interesse ao filme, sempre era uma parte que me causava um arrepio na espinha. As bruxas sempre eram más, perversas, feias e irritantes.
Mas os contos de fadas mudaram, e talvez para ti, essa realidade que acabei de contar não faça sentido algum, pois os tempos mudaram e muito. Enquanto, no passado, era quase impossível a bruxa não ser má, hoje elas se tornaram autênticas heroínas. A bruxaria deixou de ser temida para ser admirada, e incluída em brincadeiras interessantes. Ela ganhou até glamour e tornou as práticas ocultas como inofensivas, fazendo parte apenas do mundo imaginário. Mas será que são?
Num mundo que procura ver tudo com as lentes da ciência, o sobrenatural foi arrumado na gaveta do entretenimento. Filmes, séries, programas de televisão… apresentam a bruxaria como arte criativa ou como um simples elemento de lazer. Precisamos de ter cuidado, muito cuidado. Quando os assuntos envolvem a cultura em que vivemos e a visão cristã que precisamos de ter, lembro-me sempre das palavras de Paulo: “Não imitem o comportamento e os costumes deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma mudança em seu modo de pensar, a fim de que experimentem a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para vocês.” (Romanos 12:2, NVT).
A bruxaria existe, o sobrenatural é real e como diz o ditado: “quem brinca com o fogo queima-se”. Claro que a ideia não é escondermo-nos atrás das cortinas ou taparmos os ouvidos porque temos medo, pois somos filhos do Deus que tem poder sobre qualquer autoridade espiritual. Mas precisamos, sim, de temer a Deus.
Se olhares para o Antigo Testamento, verás que foi a falta de temor (respeito) a Deus que levou, muitas vezes, o povo à desobediência e, em alguns casos, a envolver-se em práticas de feitiçaria, influenciados pelas outras nações. Bem, as consequências nunca foram boas. Brincar com as trevas nunca é uma boa ideia e torná-la inofensiva é terrível demais. No Antigo Testamento, vemos a bruxaria relacionada com a idolatria e o culto aos deuses. E hoje, não é diferente.
A bruxaria continua a ser uma forma de idolatria, pois deixamos de confiar em Deus como a fonte de poder e procuramos adquirir poder, status social ou controlo sobre as coisas à nossa própria maneira. Atrevo-me a dizer que a bruxaria moderna é um total culto ao ego, em que todas os nossos desejos são colocados no centro da mesa: dinheiro, fama, saúde, planos futuros, experiências extasiantes, vingança, previsibilidade do futuro, aceitação pelos amigos… e a lista continua.
Cabe a nós escolher de que lado, afinal, queremos estar. Não existem zonas cinzentas: ou andamos na luz, ou estamos perdidos nas trevas. E se, por acaso, já foste tentado a entrar “nessas brincadeiras inofensivas” e te deixaste levar pela curiosidade, e se tens o Espírito Santo de Deus habitando em ti, eu não tenho dúvidas de que percebeste bem que aquele não era lugar para ti.
Aqueles que pertencem a Deus, que entregaram as suas vidas a Jesus, nunca vão conseguir “pecar em paz”, se é que me posso expressar assim, pois sempre haverá um incómodo do Espírito- e que incómodo! Mas não te iludas, não brinques com o que não é para brincar, pois aquilo que pensamos que não nos consegue afetar pode vir a dominar-nos se apenas lhe abrirmos uma fresta da porta.
Se ao leres este texto o Espírito Santo te confrontou com o teu pecado, não desanimes. Arrepende-te e corre para Jesus. Se existe alguém que as trevas não suportam, é Ele - Jesus Cristo. Se há incómodo de Deus no teu coração, é porque ainda há tempo de consertar as coisas. Jesus te chama.
Não te conformes com as ideias e cultura atual, teme a Deus, protege o teu coração e sê luz no meio das trevas perversas.
Sara Rosa
Missionária - AD Sal (Missão AMAD)