A adolescência é, por norma, uma fase de descobertas, desafios e decisões. Passamos por mudanças emocionais, académicas e sociais, e também na igreja precisamos de encontrar o nosso espaço.
Servir Deus não é só para os adultos, ou velhotes que são porteiros há mais anos do que temos de vida, mas as igrejas saudáveis têm espaço para todos, desde o mais novo ao mais velho.
Afinal, nós não somos definidos pelo que fazemos, mas pela nossa identidade como filhos de Deus, tu também és Igreja. Quando pensas em serviço, é importante não pensares que vais servir ou fazer para conquistar o amor de Deus, mas porque já és amado por Ele. Tal como deve ser na nossa casa física, onde somos filhos. Desde ajudar a pôr o lixo na rua ou a estender roupa.
As tarefas da casa são responsabilidade de todos, na igreja é a mesma coisa.
Fazemos porque somos e é a nossa responsabilidade e privilégio também! Privilégio porque mostra que temos uma “casa” (a igreja), porque somos amados (temos um Pai que nos ama e nunca nos deixa), temos uma família (irmãos que nos apoiam e estão lá para nós).
Na adolescência, podemos correr um de dois riscos: achar que não há lugar para nós e cairmos na preguiça ou inatividade espiritual, ou pela nossa força e impulsividade querer fazer tudo. Nenhuma das duas é saudável.
A Bíblia está cheia de exemplos de jovens que foram usados por Deus desde cedo: José (Génesis, 37, 39, 40-41), Samuel (1 Samuel 2:18-21), David (1 Samuel 16:14-23) e tantos outros. Todos encontraram o propósito de servir desde cedo. O serviço é uma oportunidade de crescimento, aprendizagem e amadurecimento espiritual também. O não fazer nada é que não é natural nem sinal de saúde espiritual, é preguiça mesmo! (lê lá o que Provérbios diz sobre preguiça...)
No outro extremo, há aqueles que, seja pela sua força, impulsividade, ou necessidade da igreja, acabam por fazer tudo ou querer fazer tudo e acabam sobrecarregados, cansados e até desiludidos com o trabalho da igreja. Todo o serviço pode ser fantástico, mas pode levar à exaustão se for feito de forma desequilibrada ou focado apenas na obrigação e não na relação com Deus.
Serviço que esgota a alma precisa de ser revisto. Não é saudável!
Então, onde está o equilíbrio? Como o podemos encontrar?
Primeiro lembra-te: Deus chama-te para uma relação com Ele antes de te chamar para outra coisa qualquer. O teu tempo devocional, orar e ler a Palavra têm de ser a prioridade, sempre! Sem esse tempo diário, nada do que vais fazer depois vai ser bem feito, vais fazer pelas tuas forças, vais esgotar-te e acabar na religiosidade e deixar o teu coração ser corrompido pela amargura do trabalho.
Em segundo lugar, Eclesiastes diz-nos “tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças” (Eclesiastes 9:10 ARA). Pode não ser o que mais gostavas de fazer neste momento, pode ser alguma coisa que ninguém quer fazer, pode ser alguma coisa pequena e que ninguém vê. Mas faz, e sê fiel ao que te for confiado.
Paulo também nos diz para “trabalhem bem e com agrado em tudo que fazem, como se estivessem a trabalhar para o Senhor e não para as pessoas.” (Colossenses 3:23). Deus vê e é a Ele que nós servimos. Então, faz, sem reclamar, sem murmurar, sem te queixares da tarefa, faz de coração, estás a fazer para o Senhor!
Mas não te esqueças da segunda parte do versículo de Eclesiastes, quando citamos este versículo, costumamos parar no “faze-o” e focamos tudo no fazer, está errado, porque o versículo não acaba aí... “conforme as tuas forças”, ou seja, conhece os teus limites, não te esgotes, nem vás além das tuas forças. Deus capacita, claro, Deus dá força, claro, mas é importante saber dizer “sim” e “não” com sabedoria, principalmente neste mundo louco de “tudo ou nada” em que vivemos.
O maior erro é pensarmos que a nossa identidade de filhos está no que fazemos, se servimos num lugar de destaque somos mais importantes, se estamos no backstage somos insignificantes e dispensáveis – é mentira do diabo. Deus não ama mais aqueles que estão em lugares de destaque, nem são os “filhos bonitos”. Deus deseja corações dispostos e mãos ocupadas.
Crescer na igreja e servir desde cedo é um privilégio enorme. É um testemunho de fidelidade, de suporte, de amor, para os outros e para com Deus. Serve a tua igreja, serve a tua cidade, dá o teu melhor a Deus, só tens uma vida aqui na terra para fazer o teu melhor!
Debora Duarte de Matos
AD Alverca do Ribatejo