Esta ansiedade…

“Lancem sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós.” (1 Pedro 5:7, ACF)


A ansiedade é considerada uma das doenças do século. Deixamo-nos consumir pelo excesso de informação, a instabilidade do amanhã e a falta de tempo assola-nos. A única forma que arranjámos para normalizar o nosso estado caótico de viver foi assumir uma “ansiedade crónica” com a qual, simplesmente, temos de lidar.


A pergunta que se levanta em relação a este modo de viver é: será que o sacrifício de Cristo afinal não foi suficiente para nos fazer viver em total liberdade? Em teoria sabemos o que significa viver em “novidade de vida”, mas a nossa prática diária deixa-nos bastante aquém do plano que Deus tem para vivermos a nossa liberdade em Cristo. 


Quando lemos “Lancem sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós" (1 Pedro 5:7, ACF), temos uma interpretação genérica do versículo, mas olhamos para a ansiedade em si como o objeto último que nos domina. Se assim fosse, bastaria uma oração fast-food e todos os nossos problemas estariam resolvidos. Mas é muito mais do que isso.


A ansiedade não é a causa, mas a consequência de uma série de outras coisas que, de forma consciente ou inconsciente, passaram a dominar a nossa vida – os estudos, o trabalho, os relacionamentos frustrados, a exigência desmedida de nós próprios, a insatisfação com tudo o que temos, a falta de equilíbrio na nossa rotina, etc. E quando eu permito que qualquer uma dessas ou outras coisas comande o rumo do meu bem-estar e das minhas emoções, eu retiro a suficiência de Cristo da minha vida e a ansiedade toma o leme do meu barco. 


Mas Deus já conhecia a nossa fragilidade, então não apenas enviou o Filho a fim de ser o nosso substituto diante de Deus, que nos permite não mais viver debaixo da escravidão do pecado, mas vivermos sob o domínio do Seu amor (que é a verdadeira liberdade), mas também nos deixou a Sua Palavra onde podemos ser relembrados diariamente dos Seus olhos atentos às nossas necessidades, o Seu desejo permanente em nos ter exclusivamente para Si e a ferramenta da oração que nos permite relacionar intimamente com Ele e entregar aos Seus pés tudo o que tenta substituir o Seu senhorio por qualquer outra coisa e nos rendermos inteiramente ao Seu domínio (“Lancem sobre Ele...”). 


Ao lermos a segunda parte do versículo “porque Ele tem cuidado de vós", temos de penetrar no nosso coração a profundidade do Seu sacrifício. A morte na cruz não foi para me garantir uma conta corrente estável, nem para me assegurar um futuro de sucesso na minha profissão e tampouco para me garantir toda a saúde da vida. Se eu faço de Jesus um álibi para o sucesso das coisas terrenas, então o pecado deixou de ser o meu maior problema. “E se o pecado não é o meu maior problema, então Jesus não é a minha melhor solução” (Tim Keller).


Entregar-Lhe a ansiedade é reconhecer que o maior cuidado do Senhor sobre nós foi dar-nos a possibilidade de nos reconciliar com Ele, sermos chamados filhos, chamarmos-lhe “Pai” e desfrutarmos de uma eternidade com Ele. 


Jonas Rodrigues e Nunes

Missionário

Reguengos de Monsaraz (Missão AD Almada)